luz

Tudo mexe nos textos de hoje,
a começar pelos personagens principais:
Espírito, Deus na construção de mim, no que me faz respirar e mover,
Palavra, dom de si, comunicação de si.
Tudo é envido, e o envio é sempre para outros, para o cuidado de outros.
É este o sentido da Páscoa que celebramos sempre que rasgamos o pão na mesa do encontro.

João apresenta Jesus como “luz”, que faz ver quem o enviou.
É essa luz que nos surge como última palavra sobre o túmulo,
sobre “os túmulos”, sobre as sombras, sobre os medos.
É esta luz que queremos que seja páscoa em nós,
que nos limpe o olhar para vermos Deus no outro,
e que ilumine o mundo com os gestos e palavras de quem busca o Deus da Verdade, da Bondade, da Beleza.

não digas que és Deus

“Se és o Messias diz!”
Esta exigência parece silenciar e desfocar a presença de Deus.

Desde que a obra da criação ficou nas nossas mãos,
desde que a Igreja nos ficou entregue – tema central da obra “Actos dos Apóstolos” -,
desde que somos deuses – como lembra o salmo 82 -,
Deus vive connosco como um amante ausente…

Tal como os amantes que se buscam, que se conhecem,
que confiam, que aceitam, que se dão,
assim com Deus, assim com o nosso “dono”, assim com o nosso Senhor, assim com Jesus.

Não quero que digas que és o Messias.
Não quero que digas que és Deus.
Permite, antes, que te encontre por detrás de tudo,
não permitas que me afaste de ti.
Tu que me conheces desde sempre e para sempre
ensina-me a conhecer-te melhor
e a reconhecer-te em todos os meus semelhantes.