somos palavra

Lucas justifica a prisão de alguns apóstolos falando de “inveja”,
por parte do Sumo-Sacerdote e dos saduceus – a classe do templo.
Já a libertação fica a dever-se à urgência da Palavra ser dita.
O trânsito a que hoje Lucas nos acena define-nos.
Inveja, “in-vidia”, diz “não-ver”, e essa cegueira de não vermos o outro como semelhante “prende”, bloqueia…
É a palavra que trás à luz, que expande, que amplia a vida.
A Palavra de Deus não se encaderna. É Yeshua a Palavra de Deus; Yahweh-Salva é “a” comunicação de Deus.
A palavra é o eu que se diz, e o “eu” de Deus revela-se na nossa carne;
o “eu” de Deus diz-se na nossa linguagem. E isso enche-nos de alegria e esperança,
e de uma certeza de que Deus não condena o que é nosso,
antes, o escolhe para si e desafia a uma plenitude, ou melhor, a uma ausência de medida,
a uma desmesura, próprias do excesso da Palavra de Deus, próprias do excesso do judeu-marginal Yeshua…

próprias de quem ama,
de quem oferece a vida em cada gesto, em cada palavra,
de quem se identifica com um pão rasgado.

[a propósito de actos dos apóstolos 5 e joão 3]