Que Jesus habitasse numa casa algures em Cafarnaúm, estamos de acordo.
Se a casa era propriedade de Pedro, verosímil.
Quem a habitava, o texto de Marcos “pisca-nos o olho”.
Estando já em casa, Jesus chamou uma criança para o meio,
pô-la ao colo e disse-lhes que acolher uma criança “como esta”
era acolhê-lo a ele.
Em Mateus já tínhamos escutado que “quem vos recebe é a mim que recebe”,
mas no texto de Marcos falamos de uma criança “destas”…
familiar de um dos discípulos? órfã? pobre? necessitada?
o texto deixa em aberto.
O que parece certo é que Jesus é “outros”; o Yeshua, o “Deus-salva” é outros,
o Deus-que-salva é relação! e a linguagem da relação, da fé [“amen“: tornar firme, amarrar], dos laços
muda o centro de gravidade:
o conforto, a atenção, o afecto, o dinheiro, o tempo…
quero que “outros” tenham tudo isso por minha causa, “à minha custa”.
Essa é a linguagem do serviço,
essa é a linguagem da semente que germina quando morre…
essa é a linguagem
do que olha os outros,
do que serve os outros,
do que ama os outros
como tendo lugar em sua casa,
como tendo lugar na sua vida.
[a propósito de Ben-Sirá 2,1-11 e Marcos 9,30-37]