“se não acreditais nas coisas da terra,
como haveis de acreditar nas coisas do céu?”
A afirmação que João coloca na boca de Jesus
dá conta de uma dificuldade ímpar no cristianismo:
aceitar e integrar a incarnação de Jesus.
Que Ele seja Deus é um assunto que parece estar mais resolvido
do que a afirmação “fez-se carne e morou connosco”.
Apresenta-se assim como um Deus que não inventa regras de jogo,
que não muda a Constituição para ficar mais umas vidas,
um deus sem passos de magia nem efeitos especiais,
que não arranja uma política de segurança que lhe convenha…
antes, revela-se um deus que acredita que os humanos perdoam,
que criam, que amam…
um deus que insiste em ser humano, dissolvendo a maior fronteira,
questionando o valor de todas as fronteiras,
acenando a uma nova narrativa,
semelhante àquela que hoje escutamos na descrição sumária do livro “Actos dos Apóstolos”:
“tinham um só coração […] não chamavam seu ao que lhes pertencia, mas entre eles tudo era comum. […] gozavam da simpatia de todos […] e não havia ninguém necessitado, pois […] distribuíam a cada um conforme a necessidade que tivesse”.
Se percebermos com a vida toda estas “coisas da terra” que estão nas nossas mãos, não faltará tanto para “percebermos” o céu…
[a propósito de actos dos apóstolos 4 e joão 3]