uma casa construída com pedra e areia

Nem todos os que dizem “Senhor, Senhor” experimentarão a presença próxima de Deus.

A intimidade com Deus não se faz só com lábios, só com fórmulas, só com discursos ou doutrinas…
A intimidade com Deus sujeita-se aos ventos das relações, à chuva de interrogações, às ruínas das nossas certezas…
A intimidade com Deus constrói-se, alimenta-se com a vontade de “construirmos uma casa”.
Creio que gastaremos energias vitais a classificar quem de entre nós é areia e quem é rocha: para os fariseus, a nossa Rocha, a nossa Pedra-Angular era talvez menos do que areia…
Deixemos ecoar o exemplo de Jesus no texto do excerto do capítulo 7 do evangelho de Mateus, que ele concretiza ao longo de toda a sua vida e nos deixa em construção na Igreja: trata-se de construir uma casa. Lembremos a estranha casa de Betânia que pertencia a três irmão, e nao ao pai; lembremos que grande parte das novidades de Jesus foram reveladas em casa, num espaço de intimidade, de conhecimento, de aceitação, de perdão, de semelhança, de fragilidade fértil, onde todos têm lugar, onde todos se sentam à mesma mesa e repartem o mesmo pão como repartem a vida que se torna dom, tesouro precioso mesmo que em vasos frágeis…
Não queremos ser avaliadores de imóveis, espectadores de um apocalipse que muito tarda em acontecer à maneira dos homens.
Queremos ligar, ligar tudo e ligar todos, porque o que ligarmos na terra já não tem de esperar pela eternidade para ser ligado, queremos ser construtores da vontade de Deus que não existe desencarnada da vontade dos homens e mulheres, queremos ser, como Jesus, exploradores, “buscadores” da intimidade com Deus que começa a acontecer quando deixamos que o outro seja próximo…
Só poderemos chamar Pai, se nos olharmos de verdade como irmãos.
Essa obra resiste ao tempo. Essa obra toca a eternidade porque deixa ver já o “Reino dos Céus”.