Neste breve encontro, Marcos diz-nos quem é Jesus para aqueles que o buscam.
Apresenta-nos a andar de terra em terra – da região mais sem-graça –
correndo o sério risco de ser tocado, de ser abordado, de ser incomodado pelos piores.
– ser tocado por um impuro significava ficar-se impuro –
A vontade de Jesus coincide com a vontade de quem busca,
pode bem dizer-se que a vontade de Jesus coincide com a vontade dos piores…
“Sim, quero” – são a proximidade, o diálogo, o toque que devolvem ao “impuro” a consciência de semelhante.
Chega de impuros!
Chega de condenados!
Chega de culpados!
Chega de indignos!
No pormenor do “vai lá agora cumprir a lei” esconde-se a própria vontade
de nem sequer condenar ou julgar os puros…
(seria demasiado “ressabiamento” para um Messias)
Não se trata de dispensar os puros, nem de dispensar a Lei,
trata-se de lê-la como um caminho onde cabem todos,
onde cada semelhante pode conhecer e amar
a diferença com que o outro, verdadeiramente, o enriquece.
Se a cura é tudo o que nos devolve a semelhança,
e se sempre que devolvemos semelhança curamos, como Jesus curou,
o que faltará para que eu diga a quem ainda me falta perdoar:
“sim, quero! quero-te bem, quero-te feliz, quero a paz para ti”?
[a propósito de Marcos 1]